Iaçu: Familiares de jovens que perderam a vida após um acidente dizem que houve privilégios nos primeiros socorros
Os familiares dos jovens Maxson Oliveira Santos, 17 anos, e Geniclevison Santos Santana, 23 anos, que tiveram suas vidas ceifadas após se envolverem em uma colisão com um carro de passeio na Avenida Professor Magalhães Neto, em Iaçu, na tarde do último dia 13 de abril, acusam a equipe médica do Hospital Municipal Dr. Valdir G. Medrado de ter privilegiado a condutora do veículo, uma médica, na hora de prestar os primeiros socorros aos envolvidos.
Segundo eles, a médica teria causado o acidente depois de realizar uma manobra errada.
Tatiana, tia de Maxson, conversou com nossa equipe de reportagem e disse:
“O socorro médico de Iaçu foi dirigido totalmente para a condutora do veículo. Os jovens negros foram alvos de racismo, não receberam nenhum socorro de imediato, pois todos os profissionais estavam dando suporte apenas à médica, que não sofreu nenhum ferimento grave. Maxson, o jovem que estava jogado no chão, agonizando, não recebeu absolutamente nenhuma importância. A mesma coisa aconteceu com Geniclevison que supostamente morreu no local. Ambos não receberam os devidos cuidados. Depois de tudo que passou, meu sobrinho foi jogado em uma ambulância de qualquer forma, sem nenhum profissional da saúde acompanhando, sem imobilização, somente com sua mãe o segurando. Foi de Iaçu até Itaberaba batendo a cabeça, que estava sagrando. Houve muito descaso com eles, enquanto a condutora do veículo foi socorrida em uma ambulância nova e equipada com todo o atendimento necessário. Nós da família e a população pedimos justiça por Maxson e Geniclevison, vítimas fatais desse acidente e de racismo. Uma suposta médica que estudou para salvar vidas, tirou duas. E os profissionais da área da saúde, que tinham como obrigação atender e socorrer todas as vítimas, se deixaram levar pelo preconceito.“
Tatiana disse ainda que o que aconteceu foi muito doloroso e que os familiares buscam esclarecimentos.
“A nossa luta é uma luta pacífica, a gente só quer ter a voz, e que as coisas sejam esclarecidas. O que houve foi uma coisa muito séria, foi muito doloroso para gente e para muitos amigos. A cidade inteira está comovida. São muitos fazendo o mesmo comentário. Então, a gente não quer enfeitar nada, nem aumentar nada, o vídeo fala muita coisa. Nós temos testemunhas de que ele foi levado de qualquer forma de Iaçu até Itaberaba. Foi uma sequência de coisas muito terríveis.“
Ainda de acordo com os familiares, nem a Prefeitura Municipal de Iaçu, nem a médica envolvida no acidente procurou à família dos jovens para prestar alguma assistência.
Maxson Oliveira Santos morreu no dia 17 de abril, por volta das 11h30, no Hospital Cleriston Andrade, em Feira de Santana. Geniclevison Santos Santana morreu no local do acidente.
O Itatim News entrou em contato com a Prefeitura de Iaçu para oportunizar a sua versão e esclarecimentos acerca dos fatos, mas até agora nenhuma nota oficial foi emitida. Nosso espaço está aberto para publicação do posicionamento da Prefeitura Municipal de Iaçu sobre as declarações da família dos dois jovens.